terça-feira, junho 09, 2015

Quando a comoção é seletiva... o problema é a mensagem ou o emissor?



Coincidência ou não, logo após a polêmica propaganda do dia dos namorados de O Boticário (com beijo gay, hétero, com beijos apenas, demonstrando que qualquer forma de amor vale a pena), a sociedade brasileira se choca com uma analogia artística da parada do orgulho LGBT recém realizada.


Ou seja, grande parte do público que se mobilizou para favorecer uma propaganda negativa da propaganda da referida empresa, também se mobilizou agora quando a trans e atriz Viviany Beleboni, de 26 anos, apareceu na parada REPRESENTANDO Jesus Cristo sendo crucificado.

Para grande parte dessas pessoas REVOLTADAS com isso - chamaram até de cristofobia - isso foi uma verdadeira afronta e desrespeito a Jesus Cristo de Nazaré.

Como o nosso país é extremamente dividido nessas questões, a rede social se mostrou um palco aberto para o espetáculo ganhar tons de uma verdadeira arena de disputas entre a liberdade de expressão LGBT de uma lado, e de outro o que a maioria chamou de afronta e humilhação aos valores sacros.

Realmente é de assustar que uma cena que é representada cotidianamente, seja nos crucifixos nos pescoços, nas imagens nas Igrejas, ou mesmo nas encenações da semana santa choque tanto a nação brasileira. É de assustar que seja apenas um comoção seletiva. E por quê?

Bem, se em 2000 a.C. jogavam pedra, hoje te espancam, se te crucificavam, hoje te matam de facadas ou tiros. Jesus foi crucificado como tantas outras pessoas por julgamento de suas ações "subversivas". Afinal, na referida época da crucificação de Jesus Cristo, a crucificação eram para 'transgressores', que subvertiam a ordem e os valores postos. E assim, se Jesus foi crucificado somente por se dizer filho de Deus, outros tantos morrem hoje só por causa da orientação sexual.

Assim, é chocante que a crucificação hoje seja na sua forma 'moderna'. E assim, pra que uma comoção seletiva? Uma imagem dessa te choca? E cabe perguntar: e os crimes por homofobia com requinte de crueldade é normal?

Bem, sei que nunca vi ninguém do candomblé se sentindo desrespeitado por eu usar branco na terça e não na sexta-feira. Mas com eles pode afrontar já que são uma 'minoria' de matriz afro?

Assim, acredito que a revolta não é com a ANALOGIA, A PERFORMANCE, A ENCENAÇÃO, não se trata aqui de uma crítica - por parte dos cristãos - a mensagem em si... a REVOLTA é contra QUEM EMITE E MENSAGEM. Isso mesmo, o ódio coletivo nada mais é do que um fundo conservador e homofóbico, que apenas utiliza mais essa atividade para oprimir e recriminar a população LGBT, inclusive na ARTE.

Foi assim contra O boticário, foi assim contra a parada LGBT e será assim constantemente. É uma disputa de ideias e valores, e essa fato é apenas mais um do que estarão por vir daqui pra frente. A população LGBT a cada dia se afirma, e em contraposição vivemos também um ascenso do fundamentalismo e do pensamento conservador no Brasil, seja no trato da orientação sexual, seja sobre a redução da maioridade penal, que muitas vezes defendem pena de morte ou até linchamento... isso mesmo, a linha é tênue para tudo isso e a maioria desse grupo é na verdade extremista e preconceituoso.

Aquele velho jargão 'eu não tenho nada contra, mas...' esse mas é o x da questão, e nele CABE TUDO, inclusive o de não compreender e interpretar o que foi essa representação na parada LGBT de 2015.

E entre as imagens abaixo, qual te choca mais? Duas travestis de braços abertos, sinalizando o ato de crucificação. A primeira assassinada em 2014 no estado do Piaui, a segunda encenando na Parada da Diversidade/2015. Por ano são mais de 100 travestis assassinadas brutalmente no país e o mundo "cristão". E o que te choca?



Deste modo, é necessário enviar ao emissor (que se sente humilhado e revoltado) a sua própria mensagem:

"Se alguém declarar: 'Eu amo a Deus', porém odiar a seu irmão, é mentiroso, porquanto quem não ama a seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a quem não enxerga." (João, 4:20)

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terça-feira, junho 09, 2015

Quando a comoção é seletiva... o problema é a mensagem ou o emissor?



Coincidência ou não, logo após a polêmica propaganda do dia dos namorados de O Boticário (com beijo gay, hétero, com beijos apenas, demonstrando que qualquer forma de amor vale a pena), a sociedade brasileira se choca com uma analogia artística da parada do orgulho LGBT recém realizada.


Ou seja, grande parte do público que se mobilizou para favorecer uma propaganda negativa da propaganda da referida empresa, também se mobilizou agora quando a trans e atriz Viviany Beleboni, de 26 anos, apareceu na parada REPRESENTANDO Jesus Cristo sendo crucificado.

Para grande parte dessas pessoas REVOLTADAS com isso - chamaram até de cristofobia - isso foi uma verdadeira afronta e desrespeito a Jesus Cristo de Nazaré.

Como o nosso país é extremamente dividido nessas questões, a rede social se mostrou um palco aberto para o espetáculo ganhar tons de uma verdadeira arena de disputas entre a liberdade de expressão LGBT de uma lado, e de outro o que a maioria chamou de afronta e humilhação aos valores sacros.

Realmente é de assustar que uma cena que é representada cotidianamente, seja nos crucifixos nos pescoços, nas imagens nas Igrejas, ou mesmo nas encenações da semana santa choque tanto a nação brasileira. É de assustar que seja apenas um comoção seletiva. E por quê?

Bem, se em 2000 a.C. jogavam pedra, hoje te espancam, se te crucificavam, hoje te matam de facadas ou tiros. Jesus foi crucificado como tantas outras pessoas por julgamento de suas ações "subversivas". Afinal, na referida época da crucificação de Jesus Cristo, a crucificação eram para 'transgressores', que subvertiam a ordem e os valores postos. E assim, se Jesus foi crucificado somente por se dizer filho de Deus, outros tantos morrem hoje só por causa da orientação sexual.

Assim, é chocante que a crucificação hoje seja na sua forma 'moderna'. E assim, pra que uma comoção seletiva? Uma imagem dessa te choca? E cabe perguntar: e os crimes por homofobia com requinte de crueldade é normal?

Bem, sei que nunca vi ninguém do candomblé se sentindo desrespeitado por eu usar branco na terça e não na sexta-feira. Mas com eles pode afrontar já que são uma 'minoria' de matriz afro?

Assim, acredito que a revolta não é com a ANALOGIA, A PERFORMANCE, A ENCENAÇÃO, não se trata aqui de uma crítica - por parte dos cristãos - a mensagem em si... a REVOLTA é contra QUEM EMITE E MENSAGEM. Isso mesmo, o ódio coletivo nada mais é do que um fundo conservador e homofóbico, que apenas utiliza mais essa atividade para oprimir e recriminar a população LGBT, inclusive na ARTE.

Foi assim contra O boticário, foi assim contra a parada LGBT e será assim constantemente. É uma disputa de ideias e valores, e essa fato é apenas mais um do que estarão por vir daqui pra frente. A população LGBT a cada dia se afirma, e em contraposição vivemos também um ascenso do fundamentalismo e do pensamento conservador no Brasil, seja no trato da orientação sexual, seja sobre a redução da maioridade penal, que muitas vezes defendem pena de morte ou até linchamento... isso mesmo, a linha é tênue para tudo isso e a maioria desse grupo é na verdade extremista e preconceituoso.

Aquele velho jargão 'eu não tenho nada contra, mas...' esse mas é o x da questão, e nele CABE TUDO, inclusive o de não compreender e interpretar o que foi essa representação na parada LGBT de 2015.

E entre as imagens abaixo, qual te choca mais? Duas travestis de braços abertos, sinalizando o ato de crucificação. A primeira assassinada em 2014 no estado do Piaui, a segunda encenando na Parada da Diversidade/2015. Por ano são mais de 100 travestis assassinadas brutalmente no país e o mundo "cristão". E o que te choca?



Deste modo, é necessário enviar ao emissor (que se sente humilhado e revoltado) a sua própria mensagem:

"Se alguém declarar: 'Eu amo a Deus', porém odiar a seu irmão, é mentiroso, porquanto quem não ama a seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a quem não enxerga." (João, 4:20)

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