domingo, fevereiro 23, 2014

Catarse, política e Gramsci

“O termo “catarse”. Pode-se empregar a expressão “catarse” para indicar a passagem do momento meramente econômico (ou egoístico -passional) ao momento ético-político, isto é, elaboração superior da estrutura em superestrutura na consciência dos homens. Isto significa, também, a passagem do “objetivo ao subjetivo” e da “necessidade à liberdade”. A estrutura, de força exterior que esmaga o homem, assimilando-o e o tornando passivo, transforma-se em meio de liberdade, em instrumento para criar uma nova forma ético-política, em origem de novas iniciativas. A fixação do momento “catártico” torna-se assim, parece-me, o ponto de partida de toda a filosofia da práxis; o processo catártico coincide com a cadeia de sínteses que resultam do desenvolvimento dialético. (Recordar os dois pontos entre os quais oscila este processo: que nenhuma sociedade se coloca tarefas para cuja solução já não existam, ou estejam em vias de aparecimento, as condições necessárias e suficientes; - e que nenhuma sociedade deixa de existir antes de haver expressado todo o seu conteúdo potencial.).”


GRAMSCI, Antonio. Cadernos do Cárcere, v.1,p.314-5. Civilização Brasileira, 4ª edição, Rio de Janeiro, 2006

domingo, fevereiro 16, 2014

Qual o melhor plano de saúde?

Qual o melhor Plano de Saúde?

Antes de você responder, o Sistema Único de Saúde - SUS -, criado a partir da Constituição Federal de 1988, que trás em em seues artigos (196 ao 200) que a saúde é de dever do Estado e de direito do cidadão, com suplemento do setor privado.

Essa conquista do povo brasileiro, adveio a partir do Movimento da Reforma Sanitária, onde a saúde se ampliou e universalizou, o que se conolidou principalmente a partir a implementação do SUS, principalmente a partir de sua lei orgânica, a 8080 de 1990.

Hoje, se demonstra como um notável sistema nacional, presente nos  5.570 municípios do território nacional e com dever de abarcar 200 milhões de brasileiros em 27 estados e distrito federal, e sendo assim, trata-se de um sistema recente e que está envolto de contradições, dinâmica, pluralidade e aspectos multifacetados.

O Brasil é o único país com mais de 100 milhões de habitantes que assumiu o desafio de ter um sistema universal, público e gratuito de Saúde. O SUS comporta todos os entes federaivos: União, Estados, Municípios e Distrito Federal num único sistema que é descentralizado, com direção única em cada esfera de governo, mas que deve ser organizado sob o formato de rede regionalizada de saúde e com financiamento compartilhado, administrativa e politicamente descentralizado.

O SUS é responsável por inúmeras campanhas de vacinação, possui diversas unidades de saúde da família, tem como principio o controle social, o SUS é também referência em transplantes e outros serviços de média e alta complexidade.

Apesar de ter ainda imperfeições e diversos processos em consrução, o SUS realiza 97% das quimioterapias no Brasil, assim como grande maioria de partos de alta complexidade e de parto natural, este último que pode ser realizado de maneira mais humanizada e com menos risco de infecção.

Segundo dados apresentados pelo Ministério, tendo como referência o ano de 2012, em números, o SUS realizou nesse ano:
  • 3,7 bilhões de procedimentos ambulatoriais/ano
  • 531 milhões de consultas médicas/ano
  • 1 milhão de internações/mês
  • Maior sistema público de transplantes de órgãos do mundo 
  • 97% do mercado de vacinas é movimentado pelo SUS 
  • 32,8 milhões de procedimentos oncológicos (2010-2012) 
  • 97% dos procedimentos de quimioterapia são feitos no SUS 
  • 3,5 milhões de OPM ambulatoriais (cadeira de rodas, aparelho auditivo, bolsa de ostomia, prótese ocular, muletas, bengalas) 

Mas, voltando a pergunta, qual o melhor plano de saúde?

Mais financiamento para o SUS e mais garantia de direito para os usuário.
Por um SUS universal, integral e equânime!


http://www.senado.gov.br/comissoes/cas/ap/AP20130424_AlexandrePadilha.pdf

quinta-feira, fevereiro 13, 2014

PRECONCEITO: a arma do incapaz

Por Amanda Cristina Souza*
 
 
“Eu prefiro ser
Essa metamorfose ambulante
Do que ter aquela velha opinião
Formada sobre tudo”
(Raul Seixas)
 
 

O preconceito etimologicamente falando, é uma ideia pré-concebida sobre algo ou alguém, refletindo uma postura de não aceitação e alienação. Os preconceitos mais comuns são sexual, racial, religioso, social, e são produtos da reprodução de ideologias errôneas e de um estereótipo socialmente aceito.

A legitimação do preconceito ocorre através de comportamentos e justificativas que diminuem o outro e intensifica o egocentrismo daquele que acaba por transformar suas raivas e frustrações em agressividade e discriminação, resultando em uma segregação social que torna mais forte ideologias arraigadas e reproduzidas diariamente.

Ter aversão a contextos, situações e/ou pessoas que se “diferenciam” é negar o multiculturalismo existente bem como hostilizar o próximo, significa fragilidade e dependência a crenças que subordinam as manifestações culturais a conservadorismos e aceitações. 

O preconceito social demonstra que em pleno século XXI regredimos gradativamente. Somos julgados pelo que temos e não pelo que somos! A condição financeira, a aparência, as roupas que vestimos, principalmente as marcas que utilizamos determinam quem são os nossos amigos, qual lugar frequentamos, quem será nosso companheiro e a “classe social” a qual pertencemos.

Debochamos do outro quando sem argumentos, apelamos para a sem graça e fatídica brincadeira de falar da aparência alheia. Nas redes sociais, acontece corriqueiramente, utilizando-se a imagem de políticos, apresentadores de TV e principalmente de ex-participantes de reality shows uma ridicularização da imagem que não é apenas a explorada televisivamente, mas a humana.

Um bom exemplo do preconceito social e da ridicularização da imagem, é o caso da professora universitária da (PUC-Rio) Rosa Marina Meyer, que postou em sua rede social facebook o seguinte comentário: "aeroporto ou rodoviária?", a postagem, estava relacionada a imagem de um homem, esperando o seu voo, que por sinal, seria o mesmo da professora. O passageiro, tinha como traje camisa regata, bermuda, um tênis e uma simplicidade no sentar, vestir e ser.

Na sociedade do decadence avec elegance, não é surpresa que desde as pessoas menos instruídas até as mais capacitadas, estejam sujeitas a reprodução do preconceito. Esbravejar por aí “não tenho preconceito”, é o mesmo que assinar a sua própria sentença de morte, pois, como podemos observar, o preconceito pode até escolher o capital financeiro para sua morada, mas atingir o capital simbólico, é o retrato de uma sociedade que nada mais tem a perder.

Somos uma metamorfose ambulante, como diria o grande Raul Seixas, mas ainda assim insistimos que as semelhanças perdurem, retirando a beleza das diferenças que nos tornam tão iguais. 


*Amanda Cristina Souza é estudante de Serviço Social da UFPB, estagiária no NCDH/UFPB, Poeta nas horas vagas e escreve para o www.agorapb.com.br aos domingos.

terça-feira, fevereiro 11, 2014

Direito ao delírio, ao sonho e ao ócio

 Torna-te quem tu és.
Nietzshe

A rotina nos rouba os pequeno prazeres, é uma máquina de moer gente, rouba o físico e o espírito... rouba-nos de nós mesmo.

Nos roubam todos os dias o direito ao delírio, ao sonho... e porque não, ao ócio.

Talvez coisas diferentes, mas que partem de uma possível mesma emergência: a necessidade de ir além do praticismo e de nos poupar da reificação (coisificação) , e claro, da alienação (estranhamento) e mercadorização (consumismo) da vida social. E isso não poderia ser diferente em uma sociedade que resume tudo ao valor prático, ao utilitarismo e ao "necessário", mas pra quem?

Ambos de algum modo, e guardadas as proporções, não favorecem ao "status quo", ou seja lá o nome que damos a quem favoreça essas categorias. Afinal, ter pessoas que sonham, que vão além e que transcendem é perigoso a quem se apropria disso para fins particulares, e no português castiço, privados.

Vejam, não estou aqui partindo para um subjetivismo, ou mesmo para parâmetros filosóficos, não é bem isso (e ao mesmo tempo o é), é mais simples do que se mostra, no caso, a dita necessidade de buscar a também dita "identidade", aqui tendo como parâmetro que esta trata-se da presença dialética da unidade e da luta dos contrários.

É difícil debater esse tema, porque, continuando o raciocínio sobre a quem favorece ou não, historicamente nos foi negado esse "luxo", e sendo assim, debater isso faz com que pessoas se questionem, e ao mesmo tempo negar e afirmar coisas diferentes das "necessárias", e isso interessa a quem no final das "contas"?  Afinal, sempre nos dizem: caia na real. Ou, saia do mundo da fantasia (sic).

Ora, seriam o delírio, o sonho e o ócio antagônicos e negação da alienação? Ou mesmo a sua superação guardadas as proporções? Talvez, a resposta mais adequada a esse questionamento retórico e sem compromisso teórico depende de como seria utilizados esses momentos no processo de construção de uma "nova" consciência, digo em termos "claros": uma consciência libertária, e sim, emancipatória.

Eu queria... (e sei que não posso, por que meu corpo pesa por causa das correntes da alienação) me dar ao "luxo" de um, ou mesmo dois ou talvez algum tempo que não tenha encontrado medida necessária, "períodos sabáticos".

Uma pena esse momento ser um luxo e não um direito...

Assim, a provocação, não de hoje, de Paul Lafargue continua atual.
Ao mundo do trabalho, sim, porquê não? Mas e ócio? 
Há espaço para os dois!


O direito ao delírio, ao sonho e ao ócio nos foi roubado, alerta geral...
peguem esse ladrão, eu quero de volta... e a recompensa é para todos.



Estou com saudade de mim. Ando pouco recolhida, atendendo demais ao telefone, escrevo depressa, vivo depressa. Onde está eu? Preciso fazer um retiro espiritual e encontrar-me enfim - enfim, mas que medo - de mim mesma.

Clarice Lispector.

quarta-feira, fevereiro 05, 2014

"Me ver pobre, preso ou morto já é cultural!" #NegroDrama



Imaginem um homem sendo preso a um poste.
Imaginem esse homem sendo espancado.
Imaginem que ele foi preso com um cadeado de bicicleta.
Imaginem um homem nu preso a este poste.
Imaginem esse homem preso no bairro do Flamengo no Rio de Janeiro.
Imaginem a humilhação deste homem.
Imaginem um homem com a orelha cortada.
Imaginem sua dor.
Imaginem sua humilhação e seu constrangimento.

Fechem os olhos por 5 segundos, e imaginem...





Agora, imaginem esse homem, sendo uma pessoa branca e de olhos azuis...


Bem, não sou especialista, mas me senti no dever político de tentar escrever isto, é um texto que mostra mais uma visão de mundo genérica, e não terá aqui nenhum rigor teórico, pois, pra esse momento, não pretendo aprofundar isso, mas, tenho certeza, que outras pessoas o farão de maneira bem melhor aqui apresentada.

Esse caso, do jovem (negro) amarrado em um poste no Rio de Janeiro, amarrado pelos "justiceiros", mostra, mais uma vez, um forte ranço conservador, racista e colonialista existente na sociedade brasileira, principalmente em tempos de contexto de violência estrutural, que se dá tanto pela sociedade, quanto pelo "Estado penal".

Não se trata aqui, transformar isso em um debate político e/ou partidário, nem tão pouco de ser neutro, mas tentar trazer algumas reflexões importantes.

Em tempos de naturalização de barbáries como essa, vemos que a vida humana - homens/mulheres - não representam praticamente nada nessa sociedade, principalmente quando não ligado ao poder de consumo, a apresenta-se um desvio, mesmo que padrão, da aparência, da cor/etnia, entre outros.

São sim, momentos de valores invertidos nessa sociedade, mas, não como aponta a notável jornalista Rachel Sheherazade. A nossa única medida para nossas ações devria ser a vida humana. Isso, digo no sentido de dever mais profundo da palavra ética, que é no frigir dos ovos a defesa intrasigente da vida humana, e o homem como parâmetro de nossas ações, aqui, o ser humano como figura essencial nas relações social, que é dotado de consciência humana, capacidade teleológica e de se expressar através da linguagem...

Parece, que tudo isso vira o pó de cocaína que a classe média cheira quando o assunto é o direito a ter direitos. (claro que para a periferia, eles tem que ter direito de falar o que quiserem, e até prenderem e cortar a orelha de alguém, normal né?)

Tudo se naturaliza, colocam e enterram anos de evolução crítica e de capacidade cognitiva e intelectual do ser humano no lixo do MC Donalds... tudo vira um, talvez conto de fadas da bela adormecida, em que sempre foi assim, sempre será e portanto sempre deverá ser... existe uma constante moralização pautada em princípios que lhe são convenientes e de cunho preconceituoso e de julgar o outro, embora NUNCA a si próprio.

São nessas horas de que questões polêmicas entram em cena, dividem o mundo em dois lados: os que simplesmente acreditam que todos seres humanos são detentores de direitos, e assim tem direitos a ter direitos, e o outro lado, que relativiza isso conforme o poder de consumo na sociedade...

É tudo o tempo todo e o tempo inteiro, no suado cotidiano, que isso se apresenta nas abordagens, nos olhares, nos rolezinhos, e claro, cotidianamente, nas mais diversas formas de descriminação e preconceito social.

Falei acima de ética, estaria eu aqui me valendo de um termo filosófico? Bem, talvez.

A ética é uma categoria filófica, uma das mais conhecidas, porém pouco praticada, afinal, não se ensinam isso nas escolas, estamos ocupados aprendendo a raiz de delta ou como escrever corretamente conforme a norma culta da língua, sendo assim, a ética historicamente fica em segundo plano no debate.

Não seria isso o maior dos males, pois ela está ausente no debate, e o pior de tudo: na cultura!

O que vemos por ai, são homens que têm ética, homens que seguem a moral (pelo menos dizem que sim), e logo, a ética se transforma em um status individual, e esquecido no âmbito do coletivo.

Poderia ser diferente? Afinal, ouvimos o dia todo na TV, pela Igreja e cia ilimitada que a ética e a moral são as mesmas coisas, e que defender a ética, é defender interesses (os seus de preferência, e que foda-se o resto da nação, vamos cantar o hino nacional e ser feliz, né?)

O agir humano, se reduz asism, a controlar e regulamentar o comportamento conforme um padrão, bem, esse padrão, imaginem qual é... tudo que fugir disso, é logo errado e do mau, e logo deve ser punido com "justiça" e deve-se assim, esquecer da vida humana e pensar em uma só coisa: o seu lado e pensamento individual.

Desde criancinha, menina BUXUDA em Barbacena, nunca acreditei que liberdade começa quando uma termina, ou sei lá, alguma coisa do tipo, papinho clichê e de senso-comum. Ora, estaríamos assim limitando a própria liberdade, enquanto um não for livre, nenhum de nós seremos, somos interligados, porque somos seres humanos em totalidade, e logo, estamos na pior, enquanto todos tiverem na pior, só que isso é mascarado, muitas vezes, pelo poder de consumo que como mágica e um feitiç de oportunidade umas pessoas tiveram, e outram "porque não quiseram" não o tiveram.

Enfim, agumas reflexões nesse dia intenso de ofensivas a quem defende a vida humana...
Como tenho dúvidas, e ainda bem que têm os poetas e escritores, aqui no caso Racionais, que fizeram essa brilhante letra abaixo colocada. Cabe bem, como uma luva da coco chanel (essa ironia é pro pessoal que vai fazer comprar em Paris e nunca foi ao menos no complexo da maré no Rio de Janeiro).



Negro Drama

Racionais Mc's

Negro drama
Entre o sucesso e a lama
Dinheiro, problemas
Inveja, luxo, fama
Negro drama
Cabelo crespo
E a pele escura
A ferida, a chaga
À procura da cura
Negro drama
Tenta ver
E não vê nada
A não ser uma estrela
Longe, meio ofuscada
Sente o drama
O preço, a cobrança
No amor, no ódio
A insana vingança
Negro drama
Eu sei quem trama
E quem tá comigo
O trauma que eu carrego
Pra não ser mais um preto fodido
O drama da cadeia e favela
Túmulo, sangue
Sirene, choros e vela
Passageiro do Brasil
São Paulo
Agonia que sobrevivem
Em meia às honras e covardias
Periferias, vielas e cortiços
Você deve tá pensando
O que você tem a ver com isso
Desde o início
Por ouro e prata
Olha quem morre
Então veja você quem mata
Recebe o mérito, a farda
Que pratica o mal
Me ver
Pobre, preso ou morto
Já é cultural
Histórias, registros
Escritos
Não é conto
Nem fábula
Lenda ou mito
Não foi sempre dito
Que preto não tem vez
Então olha o castelo e não
Foi você quem fez cuzão
Eu sou irmão
Dos meus trutas de batalha
Eu era a carne
Agora sou a própria navalha
Tin, tin
Um brinde pra mim
Sou exemplo de vitórias
Trajetos e glórias
O dinheiro tira um homem da miséria
Mas não pode arrancar
De dentro dele
A favela
São poucos
Que entram em campo pra vencer
A alma guarda
O que a mente tenta esquecer
Olho pra trás
Vejo a estrada que eu trilhei
Mó cota
Quem teve lado a lado
E quem só fico na bota
Entre as frases
Fases e várias etapas
Do quem é quem
Dos mano e das mina fraca
Negro drama de estilo
Pra ser
E se for
Tem que ser
Se temer é milho
Entre o gatilho e a tempestade
Sempre a provar
Que sou homem e não covarde
Que Deus me guarde
Pois eu sei
Que ele não é neutro
Vigia os rico
Mas ama os que vem do gueto
Eu visto preto
Por dentro e por fora
Guerreiro
Poeta entre o tempo e a memória
Hora
Nessa história
Vejo o dólar
E vários quilates
Falo pro mano
Que não morra, e também não mate
O tic-tac
Não espera veja o ponteiro
Essa estrada é venenosa
E cheia de morteiro
Pesadelo
Hum
É um elogio
Pra quem vive na guerra
A paz nunca existiu
Num clima quente
A minha gente sua frio
Vi um pretinho
Seu caderno era um fuzil
Um fuzil
Negro drama
Crime, futebol, música, caraio
Eu também não consegui fugir disso aí
Eu só mais um
Forrest Gump é mato
Eu prefiro conta uma história real
Vô conta a minha
Daria um filme
Uma negra
E uma criança nos braços
Solitária na floresta
De concreto e aço
Veja
Olha outra vez
O rosto na multidão
A multidão é um monstro
Sem rosto e coração
Ei,
São Paulo
Terra de arranha-céu
A garoa rasga a carne
É a torre de babel
Família brasileira
Dois contra o mundo
Mãe solteira
De um promissor
Vagabundo
Luz
Câmera e ação
Gravando a cena vai
Um bastardo
Mais um filho pardo
Sem pai
Ei,
Senhor de engenho
Eu sei
Bem quem você é
Sozinho, cê num guenta
Sozinho
Cê num entra a pé
Cê disse que era bom
E as favela ouviu, lá
Também tem
Whisky, Red Bull
Tênis Nike e fuzil
Admito
Seus carro é bonito
É
Eu não sei fazê
Internet, videocassete
Os carro loco
Atrasado
Eu tô um pouco sim

Eu acho
Só que tem que
Seu jogo é sujo
E eu não me encaixo
Eu sô problema de montão
De carnaval a carnaval
Eu vim da selva
Sou leão
Sou demais pro seu quintal
Problema com escola
Eu tenho mil
Mil fita
Inacreditável, mas seu filho me imita
No meio de vocês
Ele é o mais esperto
Ginga e fala gíria
Gíria não, dialeto
Esse não é mais seu
Ó,
Subiu
Entrei pelo seu rádio
Tomei
Cê nem viu
Nós é isso ou aquilo
O quê?
Cê não dizia?
Seu filho quer ser preto
Rááá....
Que ironia
Cola o pôster do 2Pac aí
Que tal?
Que cê diz?
Sente o negro drama
Vai
Tenta ser feliz
Ei bacana
Quem te fez tão bom assim?
O que cê deu,
O que cê faz,
O que cê fez por mim?
Eu recebi seu tic
Quer dizer kit
De esgoto a céu aberto
E parede madeirite
De vergonha eu não morri
To firmão
Eis-me aqui
Você, não
Cê não passa
Quando o mar vermelho abrir
Eu sou o mano
Homem duro
Do gueto, Brown
Obá
Aquele louco
Que não pode errar
Aquele que você odeia
Amar nesse instante
Pele parda
Ouço funk
E de onde vem
Os diamantes
Da lama
Valeu mãe
Negro drama
Drama, drama, drama...
Aê, na época dos barracos de pau lá na Pedreira, onde vocês tavam?
O que vocês deram por mim?
O que vocês fizeram por mim?
Agora tá de olho no dinheiro que eu ganho
Agora tá de olho no carro que eu dirijo
Demorou, eu quero é mais
Eu quero até sua alma
Aí, o rap fez eu ser o que sou
Ice Blue, Edy Rock e Kl Jay e toda a família
E toda geração que faz o rap
A geração que revolucionou
A geração que vai revolucionar
Anos 90, século 21
É desse jeito
Aê, você sai do gueto, mas o gueto nunca sai de você, morou irmão?
Você tá dirigindo um carro
O mundo todo tá de olho em você, morou?
Sabe por quê?
Pela sua origem, morou irmão?
É desse jeito que você vive
É o negro drama
Eu não li, eu não assisti
Eu vivo o negro drama, eu sou o negro drama
Eu sou o fruto do negro drama
Aí dona Ana, sem palavras, a senhora é uma rainha, rainha
Mas aê, se tiver que voltar pra favela
Eu vou voltar de cabeça erguida
Porque assim é que é
Renascendo das cinzas
Firme e forte, guerreiro de fé
Vagabundo nato!

terça-feira, fevereiro 04, 2014

Países unidos pelo bombardeio imperialista

# Qual a semelhança desses países?

- Japão 1945
- China 1945-1946
- Korea 1950-1953
- China 1950-1953
- Guatemala 1954
- Indonesia 1958
- Cuba 1959-1960
- Guatemala 1960
- Belgian Congo 1964
- Guatemala 1964
- Dominican Republic 1965-1966
- Peru 1965
- Laos 1964-1973
- Vietnam 1961-1973
- Cambodia 1969-1970
- Guatemala 1967-1969
- Lebanon 1982-1984
- Grenada 1983-1984
- Libya 1986
- El Salvador 1981-1992
- Nicaragua 1981-1990
- Iran 1987-1988
- Libya 1989
- Panama 1989-1990
- Iraq 1991
- Kuwait 1991
- Somalia 1992-1994
- Bosnia 1995
- Iran, 1998
- Sudan, 1998
- Afghanistan, 1998
- Serbia 1999
- Afghanistan, 2001
- Iraque, 2003
- Libya 2011


Acertou quem disse que todos eles sofreram intervenção a favor da "democracia" por parte dos norte-americanos.
Todos esses países sofreram ataques com bombardeios. Até onde vai o imperialismo estadunidense?

segunda-feira, fevereiro 03, 2014

Sem sentido... é instantâneo!

Fico com medo e triste quando vejo pessoas superficiais que comemoram coisas sem sentido. "Coisas" no sentido mais essencial do termo.

Será que eu sou exigente? Ou essa sociedade realmente só se preocupa com o efêmero e o supérfluo?

Eu queria que a primeira opção estivesse unicamente correta e assim quem sabe, seria puro egoísmo meu, mas... para a minha tristeza, sarcasmo e ironia, a segunda alternativa faz com que a primeira seja necessária e ao mesmo tempo óbvia.

Não tenho paciência para pessoas que se acham melhores do que outras porque possuem um cargo/salário/voz/mídia a mais que outras pessoas, ou acham que sim.

Geralmente, esses coisas bobas e de cunho socialite (digo na busca pelo dito status social), seja ela com o aumento da popularidade, da influência ou mesmo de mais seguidores, contatos, e ainda com a utilização da bajulação para tal...me deixam profundamente irritada com o que possa ser o destino da humanidade.

Tudo se resume numa alienação e profundo consumo: uma coisa só é boa quando nos serve de alguma forma, de preferência algo que seja descartável quando não nos dê mais nada, ou seja, é quase um investimento na bolsa de valores.

Em geral, incorporamos o estilo vampiresco do capitalismo nas próprias relações sociais: somos sangue-sugas, ao mesmo tempo que somos o corpo a ser sugado.

Parece um complexo, e talvez o seja, recheado de multiplos fatores e de totalidade social. Não estou aqui para fazer julgamento moral, nunca fez meu estilo...


Isso colocado, parece que tudo perdeu sentido, tudo é atoa, é instantâneo como um miojo que cozinha em 3 minutos, parece bom, mas faz mal a saúde, e só tem sódio... mas, é rápido e prático, e isso que importa no final das contas.

Sempre que queremos sonhar, ir além do que esta posto, nos dizem: "Cai na real, a vida não é assim".
Como se alguém soubesse o que ela verdadeiramente é, filosófos tentaram, mas falam e falam, e nada faz sentido, porque não é pra fazer... É melhor e mais cômodo ficar assim, na inércia da ignorância.

Ai, num passe de mágica, só que não, a solução para as nossas carência e vaidades sociais parecem ser resolvidas com a superficilidade e na simplicidade, não a simplicidade de descomplecizar algo, mas no sentido de não ser saturado, ser vazio... ser, pobre de determinações.

Talvez seja mais um texto hipócrita, mas talvez não. Eu não perderia meu precioso tempo tentando apontar isso para a minha rede facebookiana. E sei que muitos compartilham disso. Talvez seja uma agústia, talvez um desabafo, mas se foi feito, é porque é necessário.

Por enquanto, é isso.

domingo, fevereiro 23, 2014

Catarse, política e Gramsci

“O termo “catarse”. Pode-se empregar a expressão “catarse” para indicar a passagem do momento meramente econômico (ou egoístico -passional) ao momento ético-político, isto é, elaboração superior da estrutura em superestrutura na consciência dos homens. Isto significa, também, a passagem do “objetivo ao subjetivo” e da “necessidade à liberdade”. A estrutura, de força exterior que esmaga o homem, assimilando-o e o tornando passivo, transforma-se em meio de liberdade, em instrumento para criar uma nova forma ético-política, em origem de novas iniciativas. A fixação do momento “catártico” torna-se assim, parece-me, o ponto de partida de toda a filosofia da práxis; o processo catártico coincide com a cadeia de sínteses que resultam do desenvolvimento dialético. (Recordar os dois pontos entre os quais oscila este processo: que nenhuma sociedade se coloca tarefas para cuja solução já não existam, ou estejam em vias de aparecimento, as condições necessárias e suficientes; - e que nenhuma sociedade deixa de existir antes de haver expressado todo o seu conteúdo potencial.).”


GRAMSCI, Antonio. Cadernos do Cárcere, v.1,p.314-5. Civilização Brasileira, 4ª edição, Rio de Janeiro, 2006

domingo, fevereiro 16, 2014

Qual o melhor plano de saúde?

Qual o melhor Plano de Saúde?

Antes de você responder, o Sistema Único de Saúde - SUS -, criado a partir da Constituição Federal de 1988, que trás em em seues artigos (196 ao 200) que a saúde é de dever do Estado e de direito do cidadão, com suplemento do setor privado.

Essa conquista do povo brasileiro, adveio a partir do Movimento da Reforma Sanitária, onde a saúde se ampliou e universalizou, o que se conolidou principalmente a partir a implementação do SUS, principalmente a partir de sua lei orgânica, a 8080 de 1990.

Hoje, se demonstra como um notável sistema nacional, presente nos  5.570 municípios do território nacional e com dever de abarcar 200 milhões de brasileiros em 27 estados e distrito federal, e sendo assim, trata-se de um sistema recente e que está envolto de contradições, dinâmica, pluralidade e aspectos multifacetados.

O Brasil é o único país com mais de 100 milhões de habitantes que assumiu o desafio de ter um sistema universal, público e gratuito de Saúde. O SUS comporta todos os entes federaivos: União, Estados, Municípios e Distrito Federal num único sistema que é descentralizado, com direção única em cada esfera de governo, mas que deve ser organizado sob o formato de rede regionalizada de saúde e com financiamento compartilhado, administrativa e politicamente descentralizado.

O SUS é responsável por inúmeras campanhas de vacinação, possui diversas unidades de saúde da família, tem como principio o controle social, o SUS é também referência em transplantes e outros serviços de média e alta complexidade.

Apesar de ter ainda imperfeições e diversos processos em consrução, o SUS realiza 97% das quimioterapias no Brasil, assim como grande maioria de partos de alta complexidade e de parto natural, este último que pode ser realizado de maneira mais humanizada e com menos risco de infecção.

Segundo dados apresentados pelo Ministério, tendo como referência o ano de 2012, em números, o SUS realizou nesse ano:
  • 3,7 bilhões de procedimentos ambulatoriais/ano
  • 531 milhões de consultas médicas/ano
  • 1 milhão de internações/mês
  • Maior sistema público de transplantes de órgãos do mundo 
  • 97% do mercado de vacinas é movimentado pelo SUS 
  • 32,8 milhões de procedimentos oncológicos (2010-2012) 
  • 97% dos procedimentos de quimioterapia são feitos no SUS 
  • 3,5 milhões de OPM ambulatoriais (cadeira de rodas, aparelho auditivo, bolsa de ostomia, prótese ocular, muletas, bengalas) 

Mas, voltando a pergunta, qual o melhor plano de saúde?

Mais financiamento para o SUS e mais garantia de direito para os usuário.
Por um SUS universal, integral e equânime!


http://www.senado.gov.br/comissoes/cas/ap/AP20130424_AlexandrePadilha.pdf

quinta-feira, fevereiro 13, 2014

PRECONCEITO: a arma do incapaz

Por Amanda Cristina Souza*
 
 
“Eu prefiro ser
Essa metamorfose ambulante
Do que ter aquela velha opinião
Formada sobre tudo”
(Raul Seixas)
 
 

O preconceito etimologicamente falando, é uma ideia pré-concebida sobre algo ou alguém, refletindo uma postura de não aceitação e alienação. Os preconceitos mais comuns são sexual, racial, religioso, social, e são produtos da reprodução de ideologias errôneas e de um estereótipo socialmente aceito.

A legitimação do preconceito ocorre através de comportamentos e justificativas que diminuem o outro e intensifica o egocentrismo daquele que acaba por transformar suas raivas e frustrações em agressividade e discriminação, resultando em uma segregação social que torna mais forte ideologias arraigadas e reproduzidas diariamente.

Ter aversão a contextos, situações e/ou pessoas que se “diferenciam” é negar o multiculturalismo existente bem como hostilizar o próximo, significa fragilidade e dependência a crenças que subordinam as manifestações culturais a conservadorismos e aceitações. 

O preconceito social demonstra que em pleno século XXI regredimos gradativamente. Somos julgados pelo que temos e não pelo que somos! A condição financeira, a aparência, as roupas que vestimos, principalmente as marcas que utilizamos determinam quem são os nossos amigos, qual lugar frequentamos, quem será nosso companheiro e a “classe social” a qual pertencemos.

Debochamos do outro quando sem argumentos, apelamos para a sem graça e fatídica brincadeira de falar da aparência alheia. Nas redes sociais, acontece corriqueiramente, utilizando-se a imagem de políticos, apresentadores de TV e principalmente de ex-participantes de reality shows uma ridicularização da imagem que não é apenas a explorada televisivamente, mas a humana.

Um bom exemplo do preconceito social e da ridicularização da imagem, é o caso da professora universitária da (PUC-Rio) Rosa Marina Meyer, que postou em sua rede social facebook o seguinte comentário: "aeroporto ou rodoviária?", a postagem, estava relacionada a imagem de um homem, esperando o seu voo, que por sinal, seria o mesmo da professora. O passageiro, tinha como traje camisa regata, bermuda, um tênis e uma simplicidade no sentar, vestir e ser.

Na sociedade do decadence avec elegance, não é surpresa que desde as pessoas menos instruídas até as mais capacitadas, estejam sujeitas a reprodução do preconceito. Esbravejar por aí “não tenho preconceito”, é o mesmo que assinar a sua própria sentença de morte, pois, como podemos observar, o preconceito pode até escolher o capital financeiro para sua morada, mas atingir o capital simbólico, é o retrato de uma sociedade que nada mais tem a perder.

Somos uma metamorfose ambulante, como diria o grande Raul Seixas, mas ainda assim insistimos que as semelhanças perdurem, retirando a beleza das diferenças que nos tornam tão iguais. 


*Amanda Cristina Souza é estudante de Serviço Social da UFPB, estagiária no NCDH/UFPB, Poeta nas horas vagas e escreve para o www.agorapb.com.br aos domingos.

terça-feira, fevereiro 11, 2014

Direito ao delírio, ao sonho e ao ócio

 Torna-te quem tu és.
Nietzshe

A rotina nos rouba os pequeno prazeres, é uma máquina de moer gente, rouba o físico e o espírito... rouba-nos de nós mesmo.

Nos roubam todos os dias o direito ao delírio, ao sonho... e porque não, ao ócio.

Talvez coisas diferentes, mas que partem de uma possível mesma emergência: a necessidade de ir além do praticismo e de nos poupar da reificação (coisificação) , e claro, da alienação (estranhamento) e mercadorização (consumismo) da vida social. E isso não poderia ser diferente em uma sociedade que resume tudo ao valor prático, ao utilitarismo e ao "necessário", mas pra quem?

Ambos de algum modo, e guardadas as proporções, não favorecem ao "status quo", ou seja lá o nome que damos a quem favoreça essas categorias. Afinal, ter pessoas que sonham, que vão além e que transcendem é perigoso a quem se apropria disso para fins particulares, e no português castiço, privados.

Vejam, não estou aqui partindo para um subjetivismo, ou mesmo para parâmetros filosóficos, não é bem isso (e ao mesmo tempo o é), é mais simples do que se mostra, no caso, a dita necessidade de buscar a também dita "identidade", aqui tendo como parâmetro que esta trata-se da presença dialética da unidade e da luta dos contrários.

É difícil debater esse tema, porque, continuando o raciocínio sobre a quem favorece ou não, historicamente nos foi negado esse "luxo", e sendo assim, debater isso faz com que pessoas se questionem, e ao mesmo tempo negar e afirmar coisas diferentes das "necessárias", e isso interessa a quem no final das "contas"?  Afinal, sempre nos dizem: caia na real. Ou, saia do mundo da fantasia (sic).

Ora, seriam o delírio, o sonho e o ócio antagônicos e negação da alienação? Ou mesmo a sua superação guardadas as proporções? Talvez, a resposta mais adequada a esse questionamento retórico e sem compromisso teórico depende de como seria utilizados esses momentos no processo de construção de uma "nova" consciência, digo em termos "claros": uma consciência libertária, e sim, emancipatória.

Eu queria... (e sei que não posso, por que meu corpo pesa por causa das correntes da alienação) me dar ao "luxo" de um, ou mesmo dois ou talvez algum tempo que não tenha encontrado medida necessária, "períodos sabáticos".

Uma pena esse momento ser um luxo e não um direito...

Assim, a provocação, não de hoje, de Paul Lafargue continua atual.
Ao mundo do trabalho, sim, porquê não? Mas e ócio? 
Há espaço para os dois!


O direito ao delírio, ao sonho e ao ócio nos foi roubado, alerta geral...
peguem esse ladrão, eu quero de volta... e a recompensa é para todos.



Estou com saudade de mim. Ando pouco recolhida, atendendo demais ao telefone, escrevo depressa, vivo depressa. Onde está eu? Preciso fazer um retiro espiritual e encontrar-me enfim - enfim, mas que medo - de mim mesma.

Clarice Lispector.

quarta-feira, fevereiro 05, 2014

"Me ver pobre, preso ou morto já é cultural!" #NegroDrama



Imaginem um homem sendo preso a um poste.
Imaginem esse homem sendo espancado.
Imaginem que ele foi preso com um cadeado de bicicleta.
Imaginem um homem nu preso a este poste.
Imaginem esse homem preso no bairro do Flamengo no Rio de Janeiro.
Imaginem a humilhação deste homem.
Imaginem um homem com a orelha cortada.
Imaginem sua dor.
Imaginem sua humilhação e seu constrangimento.

Fechem os olhos por 5 segundos, e imaginem...





Agora, imaginem esse homem, sendo uma pessoa branca e de olhos azuis...


Bem, não sou especialista, mas me senti no dever político de tentar escrever isto, é um texto que mostra mais uma visão de mundo genérica, e não terá aqui nenhum rigor teórico, pois, pra esse momento, não pretendo aprofundar isso, mas, tenho certeza, que outras pessoas o farão de maneira bem melhor aqui apresentada.

Esse caso, do jovem (negro) amarrado em um poste no Rio de Janeiro, amarrado pelos "justiceiros", mostra, mais uma vez, um forte ranço conservador, racista e colonialista existente na sociedade brasileira, principalmente em tempos de contexto de violência estrutural, que se dá tanto pela sociedade, quanto pelo "Estado penal".

Não se trata aqui, transformar isso em um debate político e/ou partidário, nem tão pouco de ser neutro, mas tentar trazer algumas reflexões importantes.

Em tempos de naturalização de barbáries como essa, vemos que a vida humana - homens/mulheres - não representam praticamente nada nessa sociedade, principalmente quando não ligado ao poder de consumo, a apresenta-se um desvio, mesmo que padrão, da aparência, da cor/etnia, entre outros.

São sim, momentos de valores invertidos nessa sociedade, mas, não como aponta a notável jornalista Rachel Sheherazade. A nossa única medida para nossas ações devria ser a vida humana. Isso, digo no sentido de dever mais profundo da palavra ética, que é no frigir dos ovos a defesa intrasigente da vida humana, e o homem como parâmetro de nossas ações, aqui, o ser humano como figura essencial nas relações social, que é dotado de consciência humana, capacidade teleológica e de se expressar através da linguagem...

Parece, que tudo isso vira o pó de cocaína que a classe média cheira quando o assunto é o direito a ter direitos. (claro que para a periferia, eles tem que ter direito de falar o que quiserem, e até prenderem e cortar a orelha de alguém, normal né?)

Tudo se naturaliza, colocam e enterram anos de evolução crítica e de capacidade cognitiva e intelectual do ser humano no lixo do MC Donalds... tudo vira um, talvez conto de fadas da bela adormecida, em que sempre foi assim, sempre será e portanto sempre deverá ser... existe uma constante moralização pautada em princípios que lhe são convenientes e de cunho preconceituoso e de julgar o outro, embora NUNCA a si próprio.

São nessas horas de que questões polêmicas entram em cena, dividem o mundo em dois lados: os que simplesmente acreditam que todos seres humanos são detentores de direitos, e assim tem direitos a ter direitos, e o outro lado, que relativiza isso conforme o poder de consumo na sociedade...

É tudo o tempo todo e o tempo inteiro, no suado cotidiano, que isso se apresenta nas abordagens, nos olhares, nos rolezinhos, e claro, cotidianamente, nas mais diversas formas de descriminação e preconceito social.

Falei acima de ética, estaria eu aqui me valendo de um termo filosófico? Bem, talvez.

A ética é uma categoria filófica, uma das mais conhecidas, porém pouco praticada, afinal, não se ensinam isso nas escolas, estamos ocupados aprendendo a raiz de delta ou como escrever corretamente conforme a norma culta da língua, sendo assim, a ética historicamente fica em segundo plano no debate.

Não seria isso o maior dos males, pois ela está ausente no debate, e o pior de tudo: na cultura!

O que vemos por ai, são homens que têm ética, homens que seguem a moral (pelo menos dizem que sim), e logo, a ética se transforma em um status individual, e esquecido no âmbito do coletivo.

Poderia ser diferente? Afinal, ouvimos o dia todo na TV, pela Igreja e cia ilimitada que a ética e a moral são as mesmas coisas, e que defender a ética, é defender interesses (os seus de preferência, e que foda-se o resto da nação, vamos cantar o hino nacional e ser feliz, né?)

O agir humano, se reduz asism, a controlar e regulamentar o comportamento conforme um padrão, bem, esse padrão, imaginem qual é... tudo que fugir disso, é logo errado e do mau, e logo deve ser punido com "justiça" e deve-se assim, esquecer da vida humana e pensar em uma só coisa: o seu lado e pensamento individual.

Desde criancinha, menina BUXUDA em Barbacena, nunca acreditei que liberdade começa quando uma termina, ou sei lá, alguma coisa do tipo, papinho clichê e de senso-comum. Ora, estaríamos assim limitando a própria liberdade, enquanto um não for livre, nenhum de nós seremos, somos interligados, porque somos seres humanos em totalidade, e logo, estamos na pior, enquanto todos tiverem na pior, só que isso é mascarado, muitas vezes, pelo poder de consumo que como mágica e um feitiç de oportunidade umas pessoas tiveram, e outram "porque não quiseram" não o tiveram.

Enfim, agumas reflexões nesse dia intenso de ofensivas a quem defende a vida humana...
Como tenho dúvidas, e ainda bem que têm os poetas e escritores, aqui no caso Racionais, que fizeram essa brilhante letra abaixo colocada. Cabe bem, como uma luva da coco chanel (essa ironia é pro pessoal que vai fazer comprar em Paris e nunca foi ao menos no complexo da maré no Rio de Janeiro).



Negro Drama

Racionais Mc's

Negro drama
Entre o sucesso e a lama
Dinheiro, problemas
Inveja, luxo, fama
Negro drama
Cabelo crespo
E a pele escura
A ferida, a chaga
À procura da cura
Negro drama
Tenta ver
E não vê nada
A não ser uma estrela
Longe, meio ofuscada
Sente o drama
O preço, a cobrança
No amor, no ódio
A insana vingança
Negro drama
Eu sei quem trama
E quem tá comigo
O trauma que eu carrego
Pra não ser mais um preto fodido
O drama da cadeia e favela
Túmulo, sangue
Sirene, choros e vela
Passageiro do Brasil
São Paulo
Agonia que sobrevivem
Em meia às honras e covardias
Periferias, vielas e cortiços
Você deve tá pensando
O que você tem a ver com isso
Desde o início
Por ouro e prata
Olha quem morre
Então veja você quem mata
Recebe o mérito, a farda
Que pratica o mal
Me ver
Pobre, preso ou morto
Já é cultural
Histórias, registros
Escritos
Não é conto
Nem fábula
Lenda ou mito
Não foi sempre dito
Que preto não tem vez
Então olha o castelo e não
Foi você quem fez cuzão
Eu sou irmão
Dos meus trutas de batalha
Eu era a carne
Agora sou a própria navalha
Tin, tin
Um brinde pra mim
Sou exemplo de vitórias
Trajetos e glórias
O dinheiro tira um homem da miséria
Mas não pode arrancar
De dentro dele
A favela
São poucos
Que entram em campo pra vencer
A alma guarda
O que a mente tenta esquecer
Olho pra trás
Vejo a estrada que eu trilhei
Mó cota
Quem teve lado a lado
E quem só fico na bota
Entre as frases
Fases e várias etapas
Do quem é quem
Dos mano e das mina fraca
Negro drama de estilo
Pra ser
E se for
Tem que ser
Se temer é milho
Entre o gatilho e a tempestade
Sempre a provar
Que sou homem e não covarde
Que Deus me guarde
Pois eu sei
Que ele não é neutro
Vigia os rico
Mas ama os que vem do gueto
Eu visto preto
Por dentro e por fora
Guerreiro
Poeta entre o tempo e a memória
Hora
Nessa história
Vejo o dólar
E vários quilates
Falo pro mano
Que não morra, e também não mate
O tic-tac
Não espera veja o ponteiro
Essa estrada é venenosa
E cheia de morteiro
Pesadelo
Hum
É um elogio
Pra quem vive na guerra
A paz nunca existiu
Num clima quente
A minha gente sua frio
Vi um pretinho
Seu caderno era um fuzil
Um fuzil
Negro drama
Crime, futebol, música, caraio
Eu também não consegui fugir disso aí
Eu só mais um
Forrest Gump é mato
Eu prefiro conta uma história real
Vô conta a minha
Daria um filme
Uma negra
E uma criança nos braços
Solitária na floresta
De concreto e aço
Veja
Olha outra vez
O rosto na multidão
A multidão é um monstro
Sem rosto e coração
Ei,
São Paulo
Terra de arranha-céu
A garoa rasga a carne
É a torre de babel
Família brasileira
Dois contra o mundo
Mãe solteira
De um promissor
Vagabundo
Luz
Câmera e ação
Gravando a cena vai
Um bastardo
Mais um filho pardo
Sem pai
Ei,
Senhor de engenho
Eu sei
Bem quem você é
Sozinho, cê num guenta
Sozinho
Cê num entra a pé
Cê disse que era bom
E as favela ouviu, lá
Também tem
Whisky, Red Bull
Tênis Nike e fuzil
Admito
Seus carro é bonito
É
Eu não sei fazê
Internet, videocassete
Os carro loco
Atrasado
Eu tô um pouco sim

Eu acho
Só que tem que
Seu jogo é sujo
E eu não me encaixo
Eu sô problema de montão
De carnaval a carnaval
Eu vim da selva
Sou leão
Sou demais pro seu quintal
Problema com escola
Eu tenho mil
Mil fita
Inacreditável, mas seu filho me imita
No meio de vocês
Ele é o mais esperto
Ginga e fala gíria
Gíria não, dialeto
Esse não é mais seu
Ó,
Subiu
Entrei pelo seu rádio
Tomei
Cê nem viu
Nós é isso ou aquilo
O quê?
Cê não dizia?
Seu filho quer ser preto
Rááá....
Que ironia
Cola o pôster do 2Pac aí
Que tal?
Que cê diz?
Sente o negro drama
Vai
Tenta ser feliz
Ei bacana
Quem te fez tão bom assim?
O que cê deu,
O que cê faz,
O que cê fez por mim?
Eu recebi seu tic
Quer dizer kit
De esgoto a céu aberto
E parede madeirite
De vergonha eu não morri
To firmão
Eis-me aqui
Você, não
Cê não passa
Quando o mar vermelho abrir
Eu sou o mano
Homem duro
Do gueto, Brown
Obá
Aquele louco
Que não pode errar
Aquele que você odeia
Amar nesse instante
Pele parda
Ouço funk
E de onde vem
Os diamantes
Da lama
Valeu mãe
Negro drama
Drama, drama, drama...
Aê, na época dos barracos de pau lá na Pedreira, onde vocês tavam?
O que vocês deram por mim?
O que vocês fizeram por mim?
Agora tá de olho no dinheiro que eu ganho
Agora tá de olho no carro que eu dirijo
Demorou, eu quero é mais
Eu quero até sua alma
Aí, o rap fez eu ser o que sou
Ice Blue, Edy Rock e Kl Jay e toda a família
E toda geração que faz o rap
A geração que revolucionou
A geração que vai revolucionar
Anos 90, século 21
É desse jeito
Aê, você sai do gueto, mas o gueto nunca sai de você, morou irmão?
Você tá dirigindo um carro
O mundo todo tá de olho em você, morou?
Sabe por quê?
Pela sua origem, morou irmão?
É desse jeito que você vive
É o negro drama
Eu não li, eu não assisti
Eu vivo o negro drama, eu sou o negro drama
Eu sou o fruto do negro drama
Aí dona Ana, sem palavras, a senhora é uma rainha, rainha
Mas aê, se tiver que voltar pra favela
Eu vou voltar de cabeça erguida
Porque assim é que é
Renascendo das cinzas
Firme e forte, guerreiro de fé
Vagabundo nato!

terça-feira, fevereiro 04, 2014

Países unidos pelo bombardeio imperialista

# Qual a semelhança desses países?

- Japão 1945
- China 1945-1946
- Korea 1950-1953
- China 1950-1953
- Guatemala 1954
- Indonesia 1958
- Cuba 1959-1960
- Guatemala 1960
- Belgian Congo 1964
- Guatemala 1964
- Dominican Republic 1965-1966
- Peru 1965
- Laos 1964-1973
- Vietnam 1961-1973
- Cambodia 1969-1970
- Guatemala 1967-1969
- Lebanon 1982-1984
- Grenada 1983-1984
- Libya 1986
- El Salvador 1981-1992
- Nicaragua 1981-1990
- Iran 1987-1988
- Libya 1989
- Panama 1989-1990
- Iraq 1991
- Kuwait 1991
- Somalia 1992-1994
- Bosnia 1995
- Iran, 1998
- Sudan, 1998
- Afghanistan, 1998
- Serbia 1999
- Afghanistan, 2001
- Iraque, 2003
- Libya 2011


Acertou quem disse que todos eles sofreram intervenção a favor da "democracia" por parte dos norte-americanos.
Todos esses países sofreram ataques com bombardeios. Até onde vai o imperialismo estadunidense?

segunda-feira, fevereiro 03, 2014

Sem sentido... é instantâneo!

Fico com medo e triste quando vejo pessoas superficiais que comemoram coisas sem sentido. "Coisas" no sentido mais essencial do termo.

Será que eu sou exigente? Ou essa sociedade realmente só se preocupa com o efêmero e o supérfluo?

Eu queria que a primeira opção estivesse unicamente correta e assim quem sabe, seria puro egoísmo meu, mas... para a minha tristeza, sarcasmo e ironia, a segunda alternativa faz com que a primeira seja necessária e ao mesmo tempo óbvia.

Não tenho paciência para pessoas que se acham melhores do que outras porque possuem um cargo/salário/voz/mídia a mais que outras pessoas, ou acham que sim.

Geralmente, esses coisas bobas e de cunho socialite (digo na busca pelo dito status social), seja ela com o aumento da popularidade, da influência ou mesmo de mais seguidores, contatos, e ainda com a utilização da bajulação para tal...me deixam profundamente irritada com o que possa ser o destino da humanidade.

Tudo se resume numa alienação e profundo consumo: uma coisa só é boa quando nos serve de alguma forma, de preferência algo que seja descartável quando não nos dê mais nada, ou seja, é quase um investimento na bolsa de valores.

Em geral, incorporamos o estilo vampiresco do capitalismo nas próprias relações sociais: somos sangue-sugas, ao mesmo tempo que somos o corpo a ser sugado.

Parece um complexo, e talvez o seja, recheado de multiplos fatores e de totalidade social. Não estou aqui para fazer julgamento moral, nunca fez meu estilo...


Isso colocado, parece que tudo perdeu sentido, tudo é atoa, é instantâneo como um miojo que cozinha em 3 minutos, parece bom, mas faz mal a saúde, e só tem sódio... mas, é rápido e prático, e isso que importa no final das contas.

Sempre que queremos sonhar, ir além do que esta posto, nos dizem: "Cai na real, a vida não é assim".
Como se alguém soubesse o que ela verdadeiramente é, filosófos tentaram, mas falam e falam, e nada faz sentido, porque não é pra fazer... É melhor e mais cômodo ficar assim, na inércia da ignorância.

Ai, num passe de mágica, só que não, a solução para as nossas carência e vaidades sociais parecem ser resolvidas com a superficilidade e na simplicidade, não a simplicidade de descomplecizar algo, mas no sentido de não ser saturado, ser vazio... ser, pobre de determinações.

Talvez seja mais um texto hipócrita, mas talvez não. Eu não perderia meu precioso tempo tentando apontar isso para a minha rede facebookiana. E sei que muitos compartilham disso. Talvez seja uma agústia, talvez um desabafo, mas se foi feito, é porque é necessário.

Por enquanto, é isso.