domingo, agosto 14, 2011

América Latina e a luta contra o sistema!


Pátria livre, venceremos!

Observar as lutas sociais na América latina hoje, tendo a mesma como espaço onde estão sendo travados diversos embates políticos contra os setores da classe dominante, muitas vezes invisibilizados e mistificados pela mídia, é extremamente necessário se quisermos pensar e fortalecer a organização daqueles/as que se colocam contra as injustiças sociais, contra as mazelas provocadas pelo sistema capitalista. Mas por que exatamente este continente e suas lutas?
Tivemos ao longo da história a existência de modos de produção pré-capitalistas, como as comunidades primitivas, o escravismo e o feudalismo. Desse modo é possível considerar que vivenciamos e construímos diversas condições de relações sociais que estão atreladas ao modo de produção em determinados espaços e momentos históricos. Atualmente estamos em processo de ofensiva do sistema capitalista, pautado no projeto neoliberal, que afeta profundamente a condição de existência humana de forma perversa, na medida em que reproduz o ideal de vida individualista, concorrencial, excludente, flexibilizando, reificando e alienando cada vez mais os processos de trabalho, fetichizando as contradições desiguais e combinadas deste modo de produção. Cada vez mais o trabalho é separado da vida.
Para expandir o sistema capitalista, havia a necessidade de novos mercados, matérias-primas, consumidores e mão-de-obra barata. Daí ocorre as grandes navegações e o desbravamento do mundo, até que os europeus, portugueses e espanhóis, invadem o Brasil e depois a América Latina. Este continente alimentava o surgimento do capitalismo nascente na história. A América Latina nasceu e se desenvolveu no seio do capitalismo, não é apenas um capítulo dessa história, tem extrema importância no processo de formação do capitalismo. Fomos colônia de exploração, vivemos em um regime escravocrata, em um continente de base agrícola, com relação de dependência e subordinação fortíssimas.
Logo depois do fim da Segunda Guerra Mundial (1945), onde os EUA saíram vitoriosos se tornando a primeira potência mundial capitalista, tem-se um acirramento de conflitos antagônicos, os EUA (bloco capitalista) e a URSS (bloco socialista), originam a guerra fria (1946-1989), uma ofensiva ideológica, política, econômica, diplomática e militar comandada pelo imperialismo norte-americano. Com a guerra fria os EUA tinha o objetivo de ocupar os lugares e países antes da URSS. Com essa disputa há a corrida por aliança e dominação de outros países e continentes, por uma questão também geográfica e política, aprofundou-se assim a dominação norte-americana na América Latina.
 Há uma influência nos movimentos Sociais da América Latina vindo da URSS, da Revolução Cultural na China, da Guerra na Coreia, da Revolução no Vietnã e Revolução dos Cravos em Portugal, sendo uma referência aos movimentos sociais em surgimento e para as ideias de esquerda. Exemplo disso é a Revolução Cubana e a Revolução Sandinista no Nicarágua.
             Neste contexto de expansão capitalista e Guerra Fria, por conta da forte bipolaridade, todo e qualquer movimento social contestatório era visto como área de influência do comunismo, pelos EUA e seus aliados. Então, os movimentos sociais na América Latina especialmente, sempre tiveram esse fato que muitas vezes limitava a sua atuação, já nasciam sob o signo de influência da URSS quando nem eram necessariamente.
            Nessa ebulição de projetos-societários inicia-se um processo de golpes por parte da ofensiva estadunidense e aliados imperialistas, como no Brasil em 1964, mas não só no Brasil, como em todo o continente culminou a ofensiva política e militar, como as ditaduras na República Dominicana, Chile, ArgentinaUruguai e outros. As ditaduras usavam de métodos brutais e de tortura, como indução do medo, repressão, perseguição política e até a morte aos que defendiam ou aparentavam defender os ideais de esquerda e movimentos sociais. Em meados de 1970 o capitalismo entra em um ciclo longo recessivo, porém os países latino-americanos continuavam a crescer economicamente, e isso fez o mundo voltar os olhos para este continente, a investida de dólares no continente foi massiva através dos empréstimos “solidários”.
No final da década de 1980 realizou-se uma reunião com os organismo de financiamento internacional de Bretton Woods (FMI, Bird, Banco Mundial) para avaliar as reformas econômicas da América Latina, o que ficou conhecido como Consenso de Washington. Algumas das “recomendações” aos países devedores nessa reunião foi redução dos gastos públicos, reforma tributária, juros de mercado, eliminação de controle sobre o investimento direto estrangeiro, privatização e desregulamentação de leis trabalhistas.
Na década de 1990 podemos perceber o avanço progressivo do projeto neoliberal no continente latino-americano, o que leva várias forças populares a malograrem em seus objetivos. Mas antes mesmo de serem colhidos os “velhos e bons frutos” que a América sempre ofereceu não necessariamente ao seu povo, o neoliberalismo dava sinal de colapso e por uma rejeição a este projeto, uma onda de protestos e lutas sociais se desenvolveu na América Latina, setores progressistas alçaram vôo aos governos latino-americano, imprimindo derrotas à burguesia mais conservadora que estava atrelada aos anseios estadunidenses.
A América Latina tem sido a região de maior vitalidade e alcance das lutas anticapitalistas e antiimperialistas. Nunca na história deste continente foi visto uma sucessão de “vitórias” dos campos “democrático-populares” como desta vez, começando pela eleição de Hugo Chávez em 1998, seguida pela de Lula em 2002, Evo Morales em 2005, Rafael Correa em 2006, etc. Embora muitas dessas vitórias não tenham refletido, necessariamente, avanços para classe trabalhadora, ensejaram uma nova atmosfera para luta de classes na América Latina, e do México até a Argentina é notório a existência e influência dos movimentos populares nos avanços que tivemos, ainda que poucos. Vem pautando as resistências governamentais à expansão neoliberal, a exemplo de Cuba. Mas o capital e o Estado neoliberal não assistem passivos às ofensivas dos movimentos sociais e à ascensão de governos que enfrentam o bloco imperialista.
Num contexto de crise do capital e obviamente do projeto neoliberal, analisar o avanço das forças populares no nosso continente, salientando novamente, mesmo que tímido, é mais do que um imperativo para a esquerda mundial, é pré-condição para a organização a nível internacional dos/as lutadores/as sociais e também para construção de um projeto emancipatório, entendendo aqui as questões contemporâneas postas ao movimento dos/as trabalhadores/as.
Aqui ressaltamos a importância de um dos maiores movimentos sociais – MS - do mundo nessa conjuntura: o MST. Movimento que vem exercendo um papel imprescindível para a rearticulação da classe trabalhadora e dos diversos sujeitos coletivos em luta.
Temos também a Via Campesina, um movimento internacional, fundado em 1992, que coordena as lutas e organizações camponesas. O Movimento das Mulheres Camponesas (MMC), pautando terra, classe e gênero; o Movimento dos atingidos por Barragens (MAB), que desde 1970 vem na luta propondo formas alternativas de geração e distribuição de energia e pela democratização da política energética; entre outros temos a Assembleia Popular e o Fórum Social Mundial(FSM) e movimentos “altermundistas”.
A América Latina vem num projeto de tentar unificar forças e apostar na solidariedade dos países anti-imperialistas, exemplo disso é a criação da ALBA (Aliança Bolivariana para as Américas), a criação do Sucre e da TV teleSur.
Experiências com o Movimento Estudantil - ME, com o movimento de mulheres, com o movimento dos/as trabalhadores/as tem sido um dos exemplos de como o MST vem contribuindo para a unificação desses sujeitos em torno de um projeto comum. E ainda mais a luta pela reforma agrária, que faz com que este movimento esteja atualmente no foco da ofensiva capitalista e no centro da luta de classes, a nível brasileiro.
Vivemos em um momento de refluxo das lutas sociais, de descrença na luta de massas, onde enfrentamos desafios de organização e mobilização.crescente descrença na ação coletiva e a falta de consciência histórica, fruto do acirramento das relações capitalista e da ofensiva do projeto neoliberal.
Na atualidade há uma indução de uma liberdade ilusória. Que buscamos sempre o que se deseja, mas não se alcança. Oferecer e negar faz parte do jogo perverso do capital. Se expandindo assim de maneira desigual e combinada.
Formação política e ideológica sempre foi um instrumento histórico da classe trabalhadora. A realidade é dinâmica, complexa e contraditória. Para alcançar nossos objetivos é necessário ter compreensão e análise de conjuntura da realidade em sua totalidade. O momento é de acumular forças, mas sempre pautando a formação política, a organização e a luta.

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domingo, agosto 14, 2011

América Latina e a luta contra o sistema!


Pátria livre, venceremos!

Observar as lutas sociais na América latina hoje, tendo a mesma como espaço onde estão sendo travados diversos embates políticos contra os setores da classe dominante, muitas vezes invisibilizados e mistificados pela mídia, é extremamente necessário se quisermos pensar e fortalecer a organização daqueles/as que se colocam contra as injustiças sociais, contra as mazelas provocadas pelo sistema capitalista. Mas por que exatamente este continente e suas lutas?
Tivemos ao longo da história a existência de modos de produção pré-capitalistas, como as comunidades primitivas, o escravismo e o feudalismo. Desse modo é possível considerar que vivenciamos e construímos diversas condições de relações sociais que estão atreladas ao modo de produção em determinados espaços e momentos históricos. Atualmente estamos em processo de ofensiva do sistema capitalista, pautado no projeto neoliberal, que afeta profundamente a condição de existência humana de forma perversa, na medida em que reproduz o ideal de vida individualista, concorrencial, excludente, flexibilizando, reificando e alienando cada vez mais os processos de trabalho, fetichizando as contradições desiguais e combinadas deste modo de produção. Cada vez mais o trabalho é separado da vida.
Para expandir o sistema capitalista, havia a necessidade de novos mercados, matérias-primas, consumidores e mão-de-obra barata. Daí ocorre as grandes navegações e o desbravamento do mundo, até que os europeus, portugueses e espanhóis, invadem o Brasil e depois a América Latina. Este continente alimentava o surgimento do capitalismo nascente na história. A América Latina nasceu e se desenvolveu no seio do capitalismo, não é apenas um capítulo dessa história, tem extrema importância no processo de formação do capitalismo. Fomos colônia de exploração, vivemos em um regime escravocrata, em um continente de base agrícola, com relação de dependência e subordinação fortíssimas.
Logo depois do fim da Segunda Guerra Mundial (1945), onde os EUA saíram vitoriosos se tornando a primeira potência mundial capitalista, tem-se um acirramento de conflitos antagônicos, os EUA (bloco capitalista) e a URSS (bloco socialista), originam a guerra fria (1946-1989), uma ofensiva ideológica, política, econômica, diplomática e militar comandada pelo imperialismo norte-americano. Com a guerra fria os EUA tinha o objetivo de ocupar os lugares e países antes da URSS. Com essa disputa há a corrida por aliança e dominação de outros países e continentes, por uma questão também geográfica e política, aprofundou-se assim a dominação norte-americana na América Latina.
 Há uma influência nos movimentos Sociais da América Latina vindo da URSS, da Revolução Cultural na China, da Guerra na Coreia, da Revolução no Vietnã e Revolução dos Cravos em Portugal, sendo uma referência aos movimentos sociais em surgimento e para as ideias de esquerda. Exemplo disso é a Revolução Cubana e a Revolução Sandinista no Nicarágua.
             Neste contexto de expansão capitalista e Guerra Fria, por conta da forte bipolaridade, todo e qualquer movimento social contestatório era visto como área de influência do comunismo, pelos EUA e seus aliados. Então, os movimentos sociais na América Latina especialmente, sempre tiveram esse fato que muitas vezes limitava a sua atuação, já nasciam sob o signo de influência da URSS quando nem eram necessariamente.
            Nessa ebulição de projetos-societários inicia-se um processo de golpes por parte da ofensiva estadunidense e aliados imperialistas, como no Brasil em 1964, mas não só no Brasil, como em todo o continente culminou a ofensiva política e militar, como as ditaduras na República Dominicana, Chile, ArgentinaUruguai e outros. As ditaduras usavam de métodos brutais e de tortura, como indução do medo, repressão, perseguição política e até a morte aos que defendiam ou aparentavam defender os ideais de esquerda e movimentos sociais. Em meados de 1970 o capitalismo entra em um ciclo longo recessivo, porém os países latino-americanos continuavam a crescer economicamente, e isso fez o mundo voltar os olhos para este continente, a investida de dólares no continente foi massiva através dos empréstimos “solidários”.
No final da década de 1980 realizou-se uma reunião com os organismo de financiamento internacional de Bretton Woods (FMI, Bird, Banco Mundial) para avaliar as reformas econômicas da América Latina, o que ficou conhecido como Consenso de Washington. Algumas das “recomendações” aos países devedores nessa reunião foi redução dos gastos públicos, reforma tributária, juros de mercado, eliminação de controle sobre o investimento direto estrangeiro, privatização e desregulamentação de leis trabalhistas.
Na década de 1990 podemos perceber o avanço progressivo do projeto neoliberal no continente latino-americano, o que leva várias forças populares a malograrem em seus objetivos. Mas antes mesmo de serem colhidos os “velhos e bons frutos” que a América sempre ofereceu não necessariamente ao seu povo, o neoliberalismo dava sinal de colapso e por uma rejeição a este projeto, uma onda de protestos e lutas sociais se desenvolveu na América Latina, setores progressistas alçaram vôo aos governos latino-americano, imprimindo derrotas à burguesia mais conservadora que estava atrelada aos anseios estadunidenses.
A América Latina tem sido a região de maior vitalidade e alcance das lutas anticapitalistas e antiimperialistas. Nunca na história deste continente foi visto uma sucessão de “vitórias” dos campos “democrático-populares” como desta vez, começando pela eleição de Hugo Chávez em 1998, seguida pela de Lula em 2002, Evo Morales em 2005, Rafael Correa em 2006, etc. Embora muitas dessas vitórias não tenham refletido, necessariamente, avanços para classe trabalhadora, ensejaram uma nova atmosfera para luta de classes na América Latina, e do México até a Argentina é notório a existência e influência dos movimentos populares nos avanços que tivemos, ainda que poucos. Vem pautando as resistências governamentais à expansão neoliberal, a exemplo de Cuba. Mas o capital e o Estado neoliberal não assistem passivos às ofensivas dos movimentos sociais e à ascensão de governos que enfrentam o bloco imperialista.
Num contexto de crise do capital e obviamente do projeto neoliberal, analisar o avanço das forças populares no nosso continente, salientando novamente, mesmo que tímido, é mais do que um imperativo para a esquerda mundial, é pré-condição para a organização a nível internacional dos/as lutadores/as sociais e também para construção de um projeto emancipatório, entendendo aqui as questões contemporâneas postas ao movimento dos/as trabalhadores/as.
Aqui ressaltamos a importância de um dos maiores movimentos sociais – MS - do mundo nessa conjuntura: o MST. Movimento que vem exercendo um papel imprescindível para a rearticulação da classe trabalhadora e dos diversos sujeitos coletivos em luta.
Temos também a Via Campesina, um movimento internacional, fundado em 1992, que coordena as lutas e organizações camponesas. O Movimento das Mulheres Camponesas (MMC), pautando terra, classe e gênero; o Movimento dos atingidos por Barragens (MAB), que desde 1970 vem na luta propondo formas alternativas de geração e distribuição de energia e pela democratização da política energética; entre outros temos a Assembleia Popular e o Fórum Social Mundial(FSM) e movimentos “altermundistas”.
A América Latina vem num projeto de tentar unificar forças e apostar na solidariedade dos países anti-imperialistas, exemplo disso é a criação da ALBA (Aliança Bolivariana para as Américas), a criação do Sucre e da TV teleSur.
Experiências com o Movimento Estudantil - ME, com o movimento de mulheres, com o movimento dos/as trabalhadores/as tem sido um dos exemplos de como o MST vem contribuindo para a unificação desses sujeitos em torno de um projeto comum. E ainda mais a luta pela reforma agrária, que faz com que este movimento esteja atualmente no foco da ofensiva capitalista e no centro da luta de classes, a nível brasileiro.
Vivemos em um momento de refluxo das lutas sociais, de descrença na luta de massas, onde enfrentamos desafios de organização e mobilização.crescente descrença na ação coletiva e a falta de consciência histórica, fruto do acirramento das relações capitalista e da ofensiva do projeto neoliberal.
Na atualidade há uma indução de uma liberdade ilusória. Que buscamos sempre o que se deseja, mas não se alcança. Oferecer e negar faz parte do jogo perverso do capital. Se expandindo assim de maneira desigual e combinada.
Formação política e ideológica sempre foi um instrumento histórico da classe trabalhadora. A realidade é dinâmica, complexa e contraditória. Para alcançar nossos objetivos é necessário ter compreensão e análise de conjuntura da realidade em sua totalidade. O momento é de acumular forças, mas sempre pautando a formação política, a organização e a luta.

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